Mesa Completa - Por Solange Souza

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    ExperiênciasVinhos e etc • 29 de março de 2023

    Viña Falernia

    Visitei a Falernia, no vale do Elqui, Chile, e conto minha experiência, com paisagens deslumbrantes e vinhos deliciosos

    O vale do Elqui é famoso por ter um céu incrivelmente limpo, onde há alguns observatórios, inclusive, mas é possível desfrutar a beleza do céu estrelado desde que você esteja longe das luzes da pequena cidade de Vicuña, onde se encontra a Viña Falernia. Para chegar ao vale do Elqui, que fica a pouco mais de 500 km ao norte de Santiago, pegamos um avião até La Serena (pouco menos de 1 hora de voo) e depois fomos de carro até Vicuña (cerca de 50 km).

    Vista do meu quarto no hotel no Terral Hotel e Spa

    A paisagem é impactante, com um cenário quase desértico (o vale do Esqui fica na entrada do deserto de Atacama), permeado por pontos verdes de vinhedos e outras culturas de frutas, entre as quais o abacate, além de uvas para pisco (a região é tradicional para a produção desta bebida). Foi a minha segunda visita à Viña Falernia, a primeira em 2013, e percebi algumas mudanças, como a crise cada vez maior com a falta de água. Mas, se o inverno for rigoroso, como está previsto, a região receberá mais água do degelo das cordilheiras dos Andes.

    Giorgio Flessati, em Guanta, a 2 mil metros de altitude

    Durante a nossa visita, acompanhada o tempo todo por Giorgio Flessati, enólogo que comanda a vinícola, fiquei me perguntando o que teria levado este italiano a deixar seu país, há mais de 20 anos, para se embrenhar em um projeto neste fim de mundo? Com certeza o amor pela profissão e o desafio estão entre eles. Seu trabalho é constante, seja nos vinhedos ou na vinícola, para produzir vinhos que estão cada vez melhores. Quando não está lá, ele visita mercados importantes como o Japão, a Finlândia, e o Brasil, onde vem com frequência, além de feiras de vinho como a ProWein, na Alemanha.

    Vinhedos a mais de 2 mil metros de altitude com uvas de Pedro Ximénez e Moscatel

    Giorgio conta que se sente em paz no vale do Elqui, principalmente quando vai para Guanta (Huanta), onde estão os vinhedos mais altos da vinícola, a mais de 2 mil metros de altitude. Giorgio nos levou lá num domingo, num passeio incrível por paisagens rochosas, onde provamos uvas nos vinhedos, comemos maçãs e figos (os mais espetaculares da vida!) no pé, além de um delicioso sanduíche de queijo de cabra num lugar improvável.

    No meio do nada, com uma paisagem que faz a gente refletir

    A sensação que tive durante minha visita a Guanta foi de estar no meio do nada, longe de tudo, numa mistura de beleza e uma certa consternação (tudo extremamente seco), que não chegou a incomodar, uma vez que o toque do vento delicioso e o azul intenso do céu estavam lá para nos dar muito prazer.

    Sobre a Viña Falernia
    O italiano Aldo Olivier, da região de Trentino, mudou-se com a família para o vale do Elqui em 1951, aos 12 anos de idade. Com o tempo, passou a produzir frutas e uvas para pisco, o que continua até hoje. O projeto da Falernia surgiu em 1995, quando ele se encontrou com o primo, o enólogo Giorgio Flessati. Em 1998, os dois criaram a Viña Falernia, implantando vinhedos em diferentes locais, que fossem favoráveis a cada uva. Os vinhedos se beneficiam da influência do oceano, que fica a poucos quilômetros, e da neblina, que cobre a região todas as manhãs.

    Aldo Olivier, pioneiro no vale do Elqui

    O nome da vinícola foi inspirado no Falerno, marca de vinho da época do Império Romano. As instalações são impressionantes, com tanques e equipamentos de última geração, de onde sai uma variada gama de vinhos produzidos a partir de pequenas parcelas (ou cuartel, como na foto que abre este post) para abastecer os mais diferentes mercados. Os vinhos de Syrah são os mais famosos, mas o Pinot Noir merece destaque pela tipicidade e elegância. Entre os brancos, eles produzem um Pedro Ximénez (uva mais usada para pisco) seco e mineral, que está entre os meus favoritos.

    Veja a seguir, minha adega perfeita com vinhos da Falernia, que estão disponíveis no Brasil, importados pela Premium Wines:

    Brancos
    • Falernia Pedro Ximénez Reserva 2020 – um vinho para quem quer surpreender. Vai muito bem com peixes, frutos do mar e pratos vegetarianos. R$ 96

    • Falernia Riesling Reserva 2021 – com leve dulçor e notas cítricas, é ótimo como aperitivo ou com pratos da cozinha asiática – R$ 123

    Este Pinot é uma homenagem ao filho de Giorgio, Aaron

    Tintos
    • Falernia Syrah Reserva 2018 – este é o Syrah mais básico produzido pela vinícola, mas é um bom exemplo da qualidade dos vinhos com esta uva. R$ 96. Provamos lá um Syrah de vinhedo único (Titón), da safra 2019, que estava espetacular.

    • Falernia Pinot Noir Reserva 2018 – a versão mais básica do Pinot, para quem quer uma opção de boa relação custo/qualidade. R$ 125

    • Falernia Pinot Noir Gran Reserva Aaron Single Vineyard 2019 – este vinho, que acaba de chegar ao Brasil, presta homenagem ao filho de Giorgio, Aaron, de sete anos de idade. Produzido de uma parcela única, traz aromas delicados de frutas e notas terrosas. Com ótimo frescor, é macio e suculento na boca. Perfeito para tomar sozinho ou para acompanhar pratos como galeto assado, carnes magras e itens da charcutaria. R$ 190

    Neblina que cobre os vinhedos pela manhã e trazem umidade para as vinhas

     

    Fotos: Solange Souza (a minha foi tirada por Haroldo Quintão), com exceção das fotos de Aldo Olivier e do vinhedo acima, cedidas pela vinícola.


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