Na maioria das vezes, quando provo um vinho, já fico imaginando o prato que poderia acompanhá-lo. No caso do D’Arenberg The Galvo Garage 2013 (R$ 260,10), um corte de Cabernet Sauvignon (66%), Petit Verdot (19%) e Merlot (15%), me veio logo à mente uma carne grelhada, com um pouco mais de gordura, um belo carré de cordeiro ou uma carne de panela com cogumelos, cebolas e cenouras. Frutado, com taninos agradáveis, este australiano tem um bom frescor na boca, dando aquela sensação de suculência, que pede comida. O vinho passa 18 meses em madeira, o que colabora para sua complexidade.
O termo “garage” foi criado por pequenos produtores de Bordeaux e passou a ser empregado em várias regiões vinícolas do mundo para se referir a vinhos de alta qualidade, produzidos em pequenas quantidades.
A Austrália, mais conhecida pelos vinhos de Shiraz (grafia usada por lá para a Syrah), ainda é pouco explorada no mercado brasileiro. Recomendo que provem este tinto, com predominância de Cabernet, importado pela Zahil, que traz outros rótulos da D’Arenberg.
Sobre a vinícola
A D’Arenberg foi fundada por Joseph Osborn em 1912. Depois da morte do pai, Francis d’Arry Osborn impulsionou a produção da vinícola, modernizando os equipamentos e a apresentação dos rótulos para o formato que conhecemos hoje. Com 92 anos, D’Arry (como é conhecido Francis Osborn) é um dos mais celebrados produtores australianos, tendo recebido muitos prêmios e reconhecimentos por toda uma vida de contribuições para a indústria vinícola australiana.
A partir de 1984 seu filho, Chester, graduado em enologia pela Roseworthy Agricultural College, (na foto, com o pai) assumiu o posto de Chief Winemaker com foco em produzir vinhos diferenciados e de alta qualidade. Ele reduziu os rendimentos eliminando fertilização e irrigação dos vinhedos, retornou aos processos de pisa a pé e prensagem na prensa horizontal.
Os vinhedos próprios e arrendados são certificados pela NASAA, com produção orgânica e biodinâmica. A vinícola adota a filosofia de sustentabilidade, usando painéis solares que geram aproximadamente 30% da energia utilizada.
Todos os tintos são prensados inicialmente com pisa a pé e finalizados na prensa vertical. Todos os vinhos brancos e tintos são prensados na prensa vertical – mais delicada e controlada. A fermentação é feita em lotes separados, de acordo com a qualidade da uva e só na hora do engarrafamento é feito o blend final. Nenhum vinho é filtrado nem clarificado, somente é feita decantação natural antes de engarrafar.
A vinícola faz parte do Australia’s First Families Wines que corresponde à união de 12 das mais antigas e respeitadas famílias australianas produtoras de vinho, com o objetivo é disseminar a qualidade e o legado dos vinhos feitos por vinícolas familiares.
The Cube
Idealizada por Chester Osborn em 2003, a ideia do cubo foi inspirada pela complexidade e o quebra-cabeças da vinificação. O prédio tem cinco andares, com experiências distintas que estimulam os sentidos com relação ao vinho: sala sensorial e tátil, tanque virtual, sala de vídeo 360°, criar seu próprio vinho, restaurante e degustação guiada.
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