Existe na vida da gente algo mais importante que emoção? Dá para alguém viver sem emoção? Acredito que não. São tantas as emoções que permeiam a vida de uma pessoa, e uma delas é aquela experimentada em torno do vinho. Ao degustá-lo, deveríamos falar tanto das sensações quanto das emoções desencadeadas por ele.
As cores e os aromas propiciados pela degustação de um vinho são provocadores de emoção. Lembrando que degustar é beber prestando atenção, devagar, devagarinho. O ato de ver e cheirar estão intimamente ligados ao de se emocionar, sempre. Um vinho pode nos seduzir e despertar paixão por suas cores e aromas. E na boca? Com certeza, um grande vinho é capaz, no paladar, de fazer com que a gente sinta sempre aquele “gosto de quero mais”. Quem não saboreou um vinho capaz de provocar algo mágico aos olhos, nariz e boca? Algo indescritível por palavras que só um amante da bebida do deus Baco é capaz de sentir.
Degustar um vinho é uma viagem repleta de emoções que contemplam não só a visão, mas o olfato, o tato, o gosto, a memória – tudo em um contexto lúdico
O grande vinho pode provocar, no organismo, uma série de sentimentos; por que não amor? Um bom vinho deve ter a capacidade de despertar “algo mais”, daí o poder de tocar de algum modo o coração das pessoas. Como nos encontros interpessoais, os passos a serem vivenciados em relação ao vinho são os mesmos de um encontro amoroso. Em geral, todo encontro amoroso começa pela atração, evolui para paixão, enamora-se e, termina em amor profundo, inesquecível. Ou nada disso pode acontecer.
Alguns vinhos exigem que os degustemos com alma, para que possamos compreender sua essência. Outros não encontram unanimidade: são dos tipos ame-os ou deixe-os, como alguns tintos do Novo Mundo, com teor alcoólico próximo de 16%, que tocam mais o fígado que o nosso coração. Cada vez me canso mais desses vinhos pesados. Depois de uma taça, a boca já está entediada. O vinho tem de transmitir, sempre, a meu ver, elegância e ternura. Muitos que estão disponíveis no mercado (e desses, quero distância) não são capazes de despertar em mim qualquer atração ou paixão, de modo que não tocam meu coração.
Vinho é emoção e magia. Acredito que entre todas as bebidas, apenas o vinho é capaz de nos oferecer aquele instante mágico, aquela sensação de profundo “sentido”. Que me perdoem os apaixonados pela cerveja, mas geralmente digo a eles em tom de brincadeira quando chamam à disputa, que Jesus foi muito sábio quando transformou a água em vinho e não em cerveja.
Foto de abertura: Johnny Mazzilli
Gerson Lopes é médico mineiro com atuação em sexologia e acredita que
a vida é o melhor afrodisíaco. Criador do site Vinho e Sexualidade
Deixe um comentário