Que vinho servir com acarajé e com comidas que levam dendê? Este foi apenas um dos desafios da sommelière Patricia Brentzel para o cardápio preparado pelo chef Carlos Ribeiro, com pratos inspirados nas divindades do Candomblé, em um jantar que aconteceu na Rota do Acarajé. Patricia acabou optando por rótulos brasileiros menos conhecidos e incluiu um vinho laranja biodinâmico. Foi uma experiência deliciosa!
Começamos com um saboroso caldinho de sururu e o mini-acarajé (a massa estava super crocante), acompanhados do espumante Aracuri Brut Rosé, da região de Campos de Cima da Serra, que foi muito bem com os sabores intensos dos pratos.
Na sequência, foram servidos a moqueca de ovo (outro grande desafio) e o arroz de hauçá (o arroz leva coco e gengibre e é servido com camarões secos, carne seca e bastante cebola). O que acompanhou bravamente estes dois pratos foi o vinho laranja Livre Arbítrio, da Vinha Unna, vinícola da produtora biodinâmica Marina Santos. Já provei outros vinhos dessa produtora e gosto bastante.
Por fim, vieram o bolinho de estudante e a mini cartola, doce típico de Pernambuco que leva banana e queijo. Luísa Inês Salib, proprietária da Rota do Acarajé, onde foi o feito o jantar, serviu com cupuaçu, o que deu um toque de frescor à sobremesa. O vinho foi o Aurora Colheita Tardia.
Comida de Santo que se Come
O chef Carlos Ribeiro, que é colunista do Mesa Completa, é um grande estudioso da história da cozinha afro-brasileira. Em parceria com o antropólogo, pesquisador, professor e babalorixá Vilson Caetano de Sousa Junior, ele escreveu o livro Comida de Santo que se Come (Editora Arole Cultural), sobre o qual já falei aqui. A primeira edição está esgotada, mas deve sair a segunda em breve.
Para dar sequência ao tema, Carlos Ribeiro lançou a coleção Ajeum (que significa aconchego, estar junto), com a colaboração de Ana Célia Santos, do Zanzibar de Salvador, Ieda Matos, da Casa de Ieda, e Bel Coelho, do Clandestino, ambos em São Paulo. O primeiro livro dessa coleção é Oxum: Doçaria Fina & Quitutes, com receitas que homenageiam a deusa africana da doçura, do amor, do luxo e da fertilidade.
Luísa Inês Salib, da Rota do Acarajé, a sommelière Patricia Brentzel e o chef Carlos Ribeiro
A Rota do Acarajé é desses lugares simples e charmosos, que dá vontade de voltar, pela cozinha e a simpatia dos donos. Há 17 anos, faz sucesso no bairro de Santa Cecília, em duas unidades, uma de frente da outra. Além da cozinha, outro destaque da casa é a carta de cachaças, que reúne mais de mil rótulos.
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Fiquei salivando e gostei mto das harmonizações.
Foi uma delícia, querida! Quanto às harmonizações, dá para repetir em casa ou num restaurante de cozinha baiana…