Jerez de la Frontera é um lugar calmo, ensolarado e muito alto-astral. Sua principal atração é o Jerez, o famoso fortificado espanhol de características únicas (veja abaixo), além da rica gastronomia e da beleza natural de todo o entorno. Visitar uma bodega é sempre muito interessante, principalmente porque o Jerez tem uma produção muito peculiar, e você poderá provar vários estilos deste vinho. A foto que abre este post é da Bodegas Williams & Humbert e mostra a arquitetura típica encontrada em grande parte delas. 

Visitei também a Delgado Zuleta, que fica em Sanlúcar de Barrameda e foi criada em 1744, a mais antiga da região. Famosa pelo Manzanilla La Goya, produz vários estilos de Jerez, que chegam ao Brasil pela Premium Wines.

Ficamos hospedados no Villa Jerez, um hotel muito agradável, de excelente localização, com um ótimo café da manhã. De lá, percorremos a pé vários pontos da cidade, principalmente os bares de tapas. Um dos mais bonitos é El Fundador, mas há vários bares, onde se pode comer e tomar diferentes tipos de Jerez (a oferta de Manzanilla não é das melhores, porque em Jerez de la Frontera eles fazem o Fino e em Sanlúcar de Barrameda, o Manzanilla). 

Em Jerez de La Frontera adoramos o Restaurante Avanico, com uma oferta excelente de pratos de peixes e frutos do mar bem frescos, que podem ser vistos na vitrine que fica logo na entrada da casa. Lá, comemos também uma deliciosa torta de queijo (que nada tem a ver com o cheesecake). Os proprietários têm uma unidade maior e bem bonita no Puerto de Santa María, onde estivemos também.

Outro restaurante que gostamos bastante foi o Albalá, com uma cozinha moderna e saborosa, além de uma bela apresentação. Acho sempre interessante transitar entre restaurantes simples e típicos e outros de cozinha mais sofisticada, desde que os pratos sejam bem executados.

Em Sanlúcar de Barrameda, fomos a um restaurante bem tradicional, simples, mas de comida muito boa: Mirador de Doñana. Entre as delícias que comemos, estavam os famosos e raros carabineros, camarões vermelhos muito saborosos.

De Jerez, fomos a Ronda, mas fugimos da parte lotada de turistas. Achamos um pequeno restaurante chamado Los Molinos, com donos muito simpáticos, em meio à natureza e de onde se tem uma linda vista da Puente Nuevo.

Acima, vista de uma das atrações de Ronda, Puente Nuovo. A distância entre Jerez de La Frontera e Ronda é de cerca de 115 km, com estradas lindas para se percorrer com calma. Um passeio delicioso!

Sobre o Jerez
O Jerez tem produção muito peculiar e complexa, com o sistema de soleras, combinando safras novas e antigas, mas prefiro não entrar na parte técnica e passar dicas para a prática.

Na versão seca (que representa mais de 90% da produção), o Jerez é elaborado com a uva branca Palomino. Os estilos mais fáceis de se encontrar por aqui são o Fino, bem seco, e o Manzanilla, mais delicado e fresco (que faz salivar).

Entre os mais complexos estão os estilos oxidativos: Amontillado (com gosto amendoado), Oloroso (que pode ser seco ou levemente adocicado) e Palo Cortado (mais raro). Assim como o estilo, as cores desse vinho variam muito também, dos mais clarinhos aos de cor ocre.

Com sabor quase salino, o Jerez seco não agrada todo mundo. Parceiro das tapas espanholas, faz uma combinação deliciosa com o jamón serrano, itens da charcutaria, queijos maduros e frutas secas, além de sopas (uma combinação clássica). O Jerez pode ser desfrutado sem nada para começar ou terminar uma refeição ou usado em drinques, o que está na moda no mundo todo, inclusive no Brasil. Para aproveitar ao máximo, sirva o Jerez levemente refrescado.

A uva Pedro Ximénez é a mais usada na produção do Jerez doce, rico e untuoso, que recebe o mesmo nome da uva e também é conhecido como PX. Gostoso para acompanhar um queijo mais maduro e salgado ou sozinho no lugar da sobremesa.