Mesa Completa - Por Solange Souza

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    Colunistas • 1 de setembro de 2017

    Pontuação em vinhos

    É possível avaliar um vinho por meio de pontos sem perder a emoção que provoca essa bebida? Acredito que sim! – Gerson Lopes

    (In) felizmente, no mundo do vinho não há uma verdade absoluta, e ninguém é totalmente dono dela. Por outro lado, concordo com Laurence Osborne quando diz em seu livro “O connaisseur acidental” (Editora Intrínseca), que “o sistema de pontuação dá ao consumidor inseguro uma ilusão astuciosa de objetividade científica”. Por que, então, não associar psicologia e sua valorização do mundo subjetivo, das emoções e sensações com alguma coisa mais matemática, ou objetiva como o sistema de pontuação? Por que não tentar conciliar o caráter subjetivo (emoção), que envolve a análise de um vinho, com algo mais “operacional”, como é a escala de pontos?

    Partindo desses pressupostos, sempre adotei uma forma de avaliação do vinho que não deixa de lado o sistema de pontos (até 100, como Robert Parker, ou até 20 como Jancis Robinson) e, ao mesmo tempo, categorizo-os de uma maneira que responde melhor à minha proposta de ligar o vinho à emoção. Aqueles capazes de tocar meu coração recebem como avaliação uma taça no formato do próprio, e à medida que despertam emoções mais duradouras e intensas fazem com que a taça vá se preenchendo e, alguns (infelizmente, poucos) seriam tão especiais a ponto de flechá-lo, como na história do Cupido. Se o vinho foi capaz de propiciar este momento mágico, sem dúvida é um “fora de série”, e não há como deixar de merecer 96 pontos ou mais. Veja abaixo a minha forma de avaliação:

    Bom – 80 a 84 pontos“Estou atraído, porém não me despertou paixão.”

    Muito Bom – 85 a 89 pontos“Estou começando a me apaixonar…”

    Excelente – 90 a 95 pontos “Estou completamente enamorado!”

    Fora de Série – 96 a 100 pontos Coração flechado: Amor puro, para sempre… Inesquecível!”

    Por que associar um vinho “fora de série” (merecedor de 96 pontos ou mais ) ao coração flechado, à flecha do Cupido? Na mitologia grega, entre os deuses do Olimpo estava Afrodite – deusa do amor e da beleza sensual, capaz de seduzir todos, deuses ou mortais. O nome romano para Afrodite é Vênus (de onde vem a palavra vinho). Filho de Afrodite e Ares, Eros, o mais jovem dos deuses, se mostra um dos personagens mais complexos da mitologia grega. Ele personifica todos os sentimentos ligados ao amor e ao desejo; dotado de asas e armado de arcos e flechas, que, quando atiradas certeiramente no alvo, deixam o coração dos mortais e dos imortais completamente inflamados de amor. Cupido é o nome romano de Eros.

    Deixando de lado a mitologia, lembro uma frase que traduz muito bem estes raros (infelizmente) momentos – “a primeira flecha ninguém esquece”, diz a música de Vinícius Cantuária e Evandro Mesquita. O primeiro vinho degustado “fora de série” também não é jamais esquecido. A mesma coisa acontece com os demais “fora de série”. Nessa mesma música, os autores são felizes, quando dizem que “flecha de amor, não dói” – com a ressalva de que, no caso do vinho, pode doer no bolso, pois, geralmente, os dessa categoria são muito caros (e raros).

    Leia também o post: Sentindo o vinho, que abre este assunto.

    Foto de abertura: Carol Stauch

    Gerson
    Gerson Lopes é médico mineiro com atuação em sexologia e acredita que
    a vida é o melhor afrodisíaco. Criador do site Vinho e Sexualidade


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